sábado, 11 de setembro de 2010

Reinventar-se - Renata


Desistiu de esperar pelo o que nunca veio.

Escrevi esse microconto na oficina "soltando a língua", ministrada pelo Marcelino Freire. Inspirei-me no mito que circula sobre a morte do pensador Walter Benjamin, que teria se suicidado, temendo ser capturado pela Gestapo; ele teria fugido para os Pirineus, onde seria resgatado por compatriotas judeus, mas, desistiu de esperar, se matou e o resgate chegou logo em seguida. Ouvi essa história na faculdade e ficou para mim como um amuleto em momentos, como agora, em que minha fé está debilitada.

A vida não tem sentido, mas, como ser humano, eu preciso criar um sentido para a minha vida, senão, ela não vale o esforço que eu faço para vivê-la. Hoje tive a minha primeira aula na pós e lá ouvi do professor, que citou a Santaella, que as melhores coisas da vida não servem para nada, mas, fruí-las é um prazer, que, por si só, serve para nos mover adiante. Percebi o quanto gosto de estudar, de aprender e de compartilhar o que penso e sinto com as pessoas. Apenas preciso aprender a compartilhar com aquelas que tem interesse no que se passa em minha cabeça e em meu coração.

O trabalho costumava ser uma experiência enriquecedora, capaz de recarregar minha fé nessa minha existência. Há algum tempo deixou de ser assim. Não sei se são meus colegas ou o trabalho que deixou de me inspirar e de me dar prazer em fruí-lo. Não sei. Reconheço que é hora de me reinventar como profissional, como mulher e como pessoa. Como será isso eu não faço ideia. Ainda. Mas, terei mais paciência que Benjamin e esperarei pelo resgate.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

SOBRE PÁSSAROS - Kate



OS QUE ESTÃO VOANDO E PRINCIPALMENTE OS QUE ESTÃO PRESOS NO CHÃO


Nos meus banhos de sol, quase diários, caço pássaros.

Não tenho armas, sequer um apito, mas fixo meus olhos no céu, mesmo em dias de sol forte e apuro as vistas até que consiga enxergar um.

Estes são os melhores momentos do meu dia e quando não vejo nenhum, fecho os olhos, sinto o vento soprar suave na minha pele e lembro de cada pássaro que vi até aquele dia. Lembro detalhes como voos em espirais, asas retesadas, assobios estridentes. Qualquer lembrança é suficiente para me fazer sorrir, aqui embaixo.

Quando vejo algum diferenciado, pego lápis e papel e arrisco um desenho. Tudo para que nenhum detalhe se perca. Tudo para que, em dias nublados, como os de agora, eu não esqueça que voar é meu objetivo de vida…


(porque nunca devemos esquecer quem somos, de onde viemos e onde queremos chegar)

domingo, 5 de setembro de 2010

Depois da tormenta - Renata

Quinta-feira, 02 de setembro de 2010, começou a minha terapia. Haviam me dito que as vagas abririam apenas em 2011 e eu já estava procurando outra alternativa quando recebi o telefonema agendando a primeira consulta, para o dia seguinte.

Cheguei mais cedo e aproveitei para passar no Núcleo de Pesquisa onde participei de uma prova de seleção para um curso de especialização na minha área. Há quase duas semanas eu estava aguardando o resultado do processo seletivo e por isso resolvi descobrir o porquê da demora. Tive uma surpresa agradabilíssima, pois minha dissertação recebeu a nota máxima e por mérito terei isenção na mensalidade do curso, que terá duração de 1 ano e meio. Meu e-mail havia sido digitado errado, por essa razão, o resultado nunca chegou para mim. De certa maneira, foi mais gostoso receber a grande novidade pessoalmente.

Naquele dia chorei um pouquinho na terapia, mas saí de lá radiante, feliz da vida, porque agora tenho uma motivação, voltar a estudar, a aprender coisas novas, conhecer pessoas diferentes. Fui caminhando até o ponto do ônibus distribuindo sorrisos e estou assim até hoje.