quinta-feira, 30 de junho de 2011

Maternidade - Renata

Até a minha pré-adolescência eu dizia que aos 18 estaria casada e aos 21 seria mãe. Dos 15 anos até pouco tempo atrás eu pensava que o casamento e a maternidade não seriam para mim, mas hoje, particularmente neste 30 de junho de 2011, aos 29 anos de idade, entendi que quero ser mãe. Provavelmente não agora, até porque antes pretendo encontrar o marido.

Passei a tarde realizando exames clínicos ginecológicos de rotina e para minha sorte fui atendida por uma médica atenciosa e falante. Todo vez que consulto um médico ou realizo qualquer procedimento ligado à minha saúde, eu costumo mencionar o Linfoma de Hodking, que tive há 16 anos. Curiosamente, a Dra. também sobreviveu à doença e daí em diante ficamos batendo papo, enquanto ela apertava a minha pélvis cheia de água. No meio da conversa ela parou:

- Olha só ... que legal ... você está ovulando nos dois ovários. Você têm gêmeos na família? Essa é uma característica genética, significa que quando você engravidar poderá ser de gêmeos.

Eu fiquei tão feliz! Confesso que ainda estou. De uns tempos para cá tenho pensado muito em crianças. Observo elas na rua, me encanto com um sorriso ou um som meigo delas. Só não me habituo ao choro estridente. Mas, quem sabe ouvido de mãe é menos sensível a esse ruído?

Engravidar de dois pequenos seres ao mesmo tempo seria bom, já que penso em, um dia, ter três. Me pouparia uma gestação. Voltei no ônibus me sentindo plena, o vento batendo no meu rosto, o sol se pondo no horizonte ... lindo dia. Em algum momento dessa plenitude me dei conta de que estava curtindo algo que não existe, apesar de, em algum momento de minha existência, poder se tornar real; essa possibilidade já é o motivo de minha felicidade. Quando fiz a quimioterapia e a radioterapia, fui alertada de que, em consequência desses tratamentos, eu talvez não pudesse gerar filhos. Sou grata à vida por este prognóstico não ter se confirmado, afinal, eu nasci para ser mãe.