segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tragédia Grega - Renata

Nesse meu novo trabalho, estou tendo contato com a tragédia grega "As Traquínias", de Sófocles. Antes disso, já havia lido e discutido "Édipo Rei", do mesmo autor, nas aulas de Argumento na faculdade. Naquela época, o gênero não me pareceu tão interessante quanto me parece agora.

Na tragédia, os personagens sabem de antemão o ato funesto que está para lhes acontecer e, na tentativa de evitá-los, acabam por consumá-los. Segundo estudiosos da trama trágica, os Deuses se comunicam com os mortais através do oráculo na tentativa de educá-los para evitar a concretização da tragédia; entretanto, os mortais com suas paixões e limitações, compreendem as mensagens de acordo com os limites de seu entendimento.

Essa peça foi escrita no século V antes de Cristo. O fato de ela ter sobrevivido até os dias de hoje significa, no mínimo, que ela, de alguma maneira, se mantém atual.

Diversas vezes ao longo da vida, me vejo diante de uma situação, cujo resultado futuro está praticamente implícito e, embora não seja tão funesto quanto as revelações do oráculo na tragédia grega, tampouco é agradável. Diante da pretensa ilusão de que tal pressentimento é bobagem, uma força interna me impulsiona a seguir em frente. Eu ajo, concretizo o presságio e padeço.

A razão pela qual a tragédia grega me parece mais intrigante do que nunca é porque hoje identifico-me com os personagens e com as atitudes tomadas por eles. Muitas dessas foram motivadas por paixões que também motivam muitas de minhas atitudes.

Sempre que não compreendo aquela vozinha interior que me orienta a não mexer com fogo e eu me queimo, penso "I should've known better". Mas, o fato é que eu não sabia. Ou sabia e escolhi agir mesmo assim. Lembro-me de um comentário postado pela Pat, minha sábia amiga do campo, sobre a personagem Alice, cuja teimosia a guiou para um mundo repleto de novas experiências do outro lado do espelho.

O meu brincar com fogo faz-me sofrer e chorar, mas também tem me ensinado a sentir a vida, suas dores, frustrações, felicidades e descobertas exatamente como devem ser sentidas: nem mais, nem menos.

Devo confessar que já sofri horrores por não saber sofrer controladamente. Poderia ter tido uma infância e adolescência mais feliz se soubesse naquela época o que sei hoje. Mas, como os estudiosos mesmo dizem, nós agimos sempre conforme as limitações de nosso entendimento.

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