quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Felicidade - Renata


iDicionário Aulete: sf.1. Qualidade, condição ou estado de feliz; grande satisfação ou contentamento. 2. Boa sorte. Bom êxito em algo que se fez; SUCESSO.

Difícil a conquista dessa tal FELICIDADE. Para que ela se realize é preciso que haja a confluência de vários fatores, que nem sempre são de fácil alcance. Estar bem consigo mesmo, estar bem no amor, estar bem com a família e os amigos, estar satisfeito e motivado no trabalho. Estar bem consigo mesmo é algo que depende, prioritariamente, de si mesmo. Todo o resto, entretanto, depende também de outras pessoas.

Admiro muito aqueles que batalham pela felicidade.

Um grande amigo, alguns anos mais experiente que eu, é um exemplo no qual eu me espelho. Casou-se e teve dois filhos quando ainda era muito jovem, em torno dos 17 anos. Quando os filhos ainda eram pequenos, percebeu-se infeliz no casamento e decidiu se separar. Na época, seu irmão aconselhou-o a não fazê-lo porque isso ocasionaria um desgaste emocional e financeiro. Ao invés de se divorciar, ele poderia manter casos extra-conjugais, sugeriu o irmão.

Meu amigo seguiu firme em sua decisão e se separou da mulher. Não foi fácil, foi mesmo desgastante, mas ele seguiu em busca do que o faria feliz. Talvez, ele nem soubesse exatamente o que lhe faria feliz, mas seguiu em busca da felicidade mesmo assim. Envolveu-se com outra mulher, tempos depois, com a qual se casou. Não sei ao certo quanto tempo ficaram juntos, mas o relacionamento tampouco durou para sempre.

Nesse meio tempo, ele também seguiu batalhando por um lugar de destaque em sua profissão, a princípio para proporcionar a seus filhos as oportunidades que não teve.

Hoje em dia, com os filhos já inseridos no mercado de trabalho e criados para a vida, esse meu amigo parece ter finalmente encontrado a felicidade. Parece-me que ao menos sente-se feliz a maior perto do tempo, o que eu considero uma vitória. Casou-se pela terceira vez com uma mulher com a qual compartilha uma percepção de mundo muito similar a sua própria.

Conversamos muito sobre essa busca pela felicidade, esse meu amigo e eu. Ele me disse que finalmente compreendeu que não se pode ter tudo o que se deseja na vida, mas pode-se aprender a ser grato a ela por aproximar-se muito desse tudo. E por esse quase tudo ele é muito grato à vida.

Outro caso que tenho como referência é o da minha tia querida. Para mim, ela é um exemplo de pessoa que se reinventou como mulher e como profissional. Ela também casou-se cedo com o então amor de sua vida. Ela tocou em paralelo o casamento, o trabalho e a faculdade. Lembro-me de chegar no sábado em sua casa e ela estar estudando e fazendo trabalhos da faculdade. Quando se formou, o casamento entrou em crise. Embora apaixonada pelo marido, minha tia sempre gostou de viajar, de conhecer pessoas, sempre foi muito falante, mas, por alguma razão, casou-se com um homem, cujo divertimento era assistir televisão.

Eles tentaram ter um filho, mas ela teve um aborto natural. Paralelamente, ela decolava no trabalho. Frustrada e infeliz, ela resolveu se divorciar. Foi uma loucura. O marido disse ok, mas, como era ela quem queria "desistir" do casamento, não teria direito a nada do patrimônio conjunto de ambos. Minha avó, muito católica e, na época, muito mais inflexível, mostrou-se contrária a decisão e, no momento em que minha tia mais precisava do carinho de sua mãe, nela encontrou apenas críticas.

Foi nessa época que ela e minha mãe aproximaram-se e se tornaram muito amigas. Minha mãe, que também se separava de meu pai, ofereceu o carinho, a compreensão e o ombro amigo que a tia tanto precisava.

Titia abriu mão do que lhe era de direito e reconstruiu sozinha sua nova vida: alugou um apartamento, comprou o que era necessário para viver nesse novo lar e começou a viajar muito. Viveu experiências que nunca poderia imaginar e seguiu em busca da própria felicidade. Depois de 18 anos trabalhando na mesma empresa, ela resolveu sair em busca de novos desafios profissionais. Foi estudar inglês em Chicago, nos EUA, antes do episódio de 11 de setembro. Preparou seu currículo e foi até um hotel no centro da cidade a fim de conseguir um emprego como arrumadeira. Lá, a pessoa que a entrevistava não conseguia entender como uma profissional com a formação e experiência dela desejava trabalhar como arrumadeira. Simples: ela precisava trabalhar. Coincidência ou não, aquele hotel precisava de uma contadora e a pessoa que entrevistava a minha tia achou que ela poderia muito bem preencher essa vaga.

Ela agarrou essa oportunidade, virou-se com o então inglês derrapante e exerceu com excelência a sua função no departamento de contas daquele hotel. Faz 10 anos que ela está nesse mesmo hotel. Chegou ao cargo mais alto na hierarquia do departamento de contas; foi lá também que conheceu o atual marido. Hoje, ela também encontra-se mais próxima de sua felicidade, embora tenha enfrentado inúmeros momentos de tristeza, solidão e sofrimento. Valeu a pena e ainda vale a pena lutar para ser feliz.

A busca por ela geralmente é acompanhada de sofrimento, perdas e solidão, mas, VALE A PENA!

De um ano pra cá, meu objetivo de vida tem sido a busca pela minha felicidade e para conseguí-la estou gastando muita energia mental e física para descobrir o que me faz feliz e para transformar o que me deixa triste. Sempre que desamino nessa minha busca, lembro-me de meus dois exemplos.

Um comentário:

Unknown disse...

“Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, .... Mário Quintana