É por trechos como o postado abaixo, que "Cartas a um jovem poeta" tornou-se um livro de cabeceira. Embora há algum tempo eu não o pegue pra ler, muito do que li nele ainda ecoa em meus pensamentos.
Talvez porque Rilke tenha conseguido verbalizar o inefável. Todos os dias há milhares de pequenas coisas - algumas nem tão pequenas assim - que não conseguem ser explicadas pela razão e por isso há bilhares de perguntas sem resposta. Por exemplo: escolhe-se com muito cuidado um caminho a seguir e, a princípio, a caminhada segue tranquila até que surgem "as paixões" (depois explico o que são elas), nos sacodem de um lado pro outro, guiando-nos para um caminho completamente diferente do imaginado. Esse desvio é tão assustador e nos deixa cheios de perguntas: por que, por que POR QUE?
Às vezes, esses porques são respondidos, ou melhor, compreendidos muitos anos depois, quando se tem a possibilidade de observar a história, o todo que se desenvolveu após e em decorrência do desvio causado pela paixão (paixões). É por isso que quando um desvio desses deixa-me completamente às escuras, eu penso que é porque estou tão confusa com o chacoalhão que desviou-me do meu caminho inicial, que não tenho como enxergar "the big picture", como costumam dizer os norte-americanos.
É nessa hora que me apego às experiências passadas e ao que tenho de concreto em meu presente e agarro-me a isso com todas as minhas forças. Dessa maneira, vou vivendo um dia de cada vez, aguardando com muita fé a chegada de dias melhores ou dias nos quais eu sinta meus pés mais firmes no chão.
2 comentários:
Uma vez alguém disse que só é possível ver o desenho todo depois de juntar todos os pontinhos...
Pois, viver as paixões não são seguir um caminho?
Ou, então, Alice não teria ido atrás do coelho.
Estamos atrasados!
Postar um comentário