quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O tempo das coisas - Renata

No senso comum existe a idéia de que o relacionamento entre pai e filha é determinante nas relações futuras de uma mulher. Se isso for mesmo verdade, eu estou ferrada, porque não lembro de meu pai e eu termos tido um relacionamento bem sucedido.

Desde que me lembro, idealizo um relacionamento feliz e completo com uma pessoa do sexo oposto. Um ideal que ainda não se concretizou. Relacionei-me poucas vezes e em nenhuma delas posso dizer que estive próxima da felicidade ou da completude. Exatamente o contrário.

Observando pessoas queridas a minha volta, percebo que para alguns , quando se trata de encontrar um parceiro (a) e relacionar-se com ele (a), as coisas fluem com a maior naturalidade. Estudando em outra cidade é possível conhecer e se apaixonar por uma pessoa que, curiosamente, vem da mesma cidade. Ou, fazer planos de ir embora para outro país, mas começar a trabalhar e, nesse ambiente profissional, encontrar a cara metade e decidir ficar, casar e constituir família. Eu entendo e imagino que em todo relacionamento há altos e baixos, período de adaptação ao outro e a necessidade de compreender os limites do outro e ser flexível.

Uma vez, conversando com minha querida prima com quem divido este blog, fiquei surpresa ao descobrir que a imagem que ela fazia de mim - no que diz respeito a relacionamentos - era a de uma princesinha a espera do príncipe encantado! Fiquei chocada ao saber que é esta a imagem que passo aos outros. Sinceramente, nunca me vi dessa maneira. Talvez, eu espere muito mesmo de um homem quando desejo que ele seja fiel e me tenha como alguém tão especial, que não tenha necessidade de sair com outras pessoas enquanto estiver comigo. Isso parece ser tão difícil de encontrar...

Justiça seja feita, tenho amigos e familiares do sexo masculino que acredito que são fiéis a suas esposas e namoradas. Ainda assim, continuo achando que são poucos os que pensam assim.

Ouvi uma vez que não importa o quanto se goste ou se tenha tesão por alguém, um dia isso acaba, como tudo na vida. Isso porque o ser humano é insatisfeito por natureza. Será mesmo? Independente disso, as pessoas se casam, têm filhos e esperam que para eles seja eterno.

Minha mãe contou-me a história de uma conhecida a quem ela admira muito, uma senhora que viveu o grande amor de sua vida depois dos 50 anos. Como a grande maioria das mulheres de sua época, ela casou-se e teve filhos. Depois de anos de matrimônio, o marido assumiu-se homosexual e partiu; isso na década de 70. A família do marido era da Hungria e a maioria deles vivia lá. Depois da notícia - não sei quanto tempo depois - ela conheceu o irmão do marido e os dois apaixonaram-se e ficaram juntos.

Histórias como essa me fazem pensar no tempo das coisas, no tempo da vida. Para cada um de nós existe um tempo para que cada coisa aconteça. E esse tempo nunca é igual ao de outra pessoa. Nunca.

Dia desses tive um sonho que achei bastante significativo. Eu tomava um rumo, um trem mais precisamente, cuja direção eu não conhecia. Resolvi pegá-lo porque só havia ele parado na estação e todo mundo ia em direção a ele. Pois bem, subi e segui até um momento que me ocorreu descer e perguntar para onde ia aquele trem. A pessoa para a qual eu perguntei, repreendeu-me por eu ter pego aquele trem em específico, porque eu havia desviado-me de meu caminho e por isso, eu levaria muito mais tempo para chegar onde deveria.

Acordei decidida a prestar mais atenção à escolha do meu caminho. Antes de seguir pra qualquer lugar, certificarei-me da direção onde o caminho me guiará e gastarei alguns minutos pensando se eu gostaria de ir para esse lugar.

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