sábado, 7 de fevereiro de 2009

Coragem - Renata

Recebi um cartão de natal com uma frase de Guimarães Rosa sobre as inconstâncias da vida e sobre o fato de que tudo o que ela exige de nós é CORAGEM. Mencionando esta a um amigo querido, fiquei sabendo que Cora Coralina escreveu algo semelhante, sobre bater em várias portas (como a da esperança, por exemplo), mas somente a CORAGEM ter-lhe acolhido.

Eu sempre evitei a CORAGEM, embora seja ela inevitável. Sempre que precisei dela, evitei sua presença ao máximo. Esquivava-me sempre que podia, mas quando chegava o momento em que não há escolha senão enfrentar o problema, lá estava ela a me olhar de maneira travessa, como se dissesse: "cá estou".

Uma das características que vem com o tempo é a compreensão de que um problema não desaparece sozinho. É como uma doença que acomete o corpo e causa dor; pode-se tomar remédios para camuflar seus efeitos colaterais, mas ela seguirá lá desenvolvendo-se até que seja feito um tratamento para extirpá-la.

Pela primeira vez em minha vida, decidi eu pedir sua companhia. Convidei-a pra sentar, ofereci um chá e conversamos abertamente sobre meus próximos passos. Muito compreensiva e amiga, ela disse-me que haverá momentos mais difíceis que outros, mas há algo me esperando do outro lado do Oceano. Eu confessei a ela meu receio por seguir em mar aberto, especialmente quando só o que consigo ver é a terra na qual estou pisando. Ela garantiu-me que há terra na outra ponta do Oceano, só que eu ainda não consigo enxergá-la.

De uma coisa estou certa: quaisquer que sejam as inconstâncias do mar, se eu me mantiver tranquila, não lutar contra a maré, o meu corpo mesmo será uma bóia que me manterá na superfície; certamente engulirei um pouco de água, mas seguirei respirando. Aprendi isso na aula de física.

Ah, querida Pat, resolvi seguir o coelho e bem na hora certa!

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