domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fisiologia - Renata

Em agosto passado, coloquei aparelhos ortodônticos na tentativa de corrigir minha mordida e, consequentemente, amenizar a minha DTM (Disfunção Têmporo Mandibular). Essa disfunção decorre do desequilíbrio do sistema mastigatório. A mandíbula tem duas Articulações Têmporo Mandibular, uma de cada lado da face, cuja existência nos permite mastigar, falar, comer, beber. Li num site especializado que, segundo os neurologistas, esta é a articulação mais importante do corpo pela quantidade de nervos existentes. Além destes, há músculos, tendões, líquido sinovial, vasos sanguíneos e disco articular.

Por alguma razão, minha arcada dentária modificou-se de tal maneira ao longo do meu desenvolvimento físico que eu mastigava apenas do lado esquerdo, causando um trabalho excessivo para uma das ATMs. Eu costumava sentir muitas dores de cabeça, de ouvido e só percebi o quão grave estava meu caso quando comecei a sentir tontura no ônibus. Foi quando resolvi tentar reorganizar minha arcada dentária, na tentativa de corrigir essa disfunção ou, ao menos, ameniza-la.

Antes de iniciar o tratamento, assinei um contrato no qual estou ciente da possibilidade de ele não surtir o efeito desejado; o sucesso depende basicamente da resposta que cada organismo dá a série de procedimentos ministrados pelo ortodontista. Eu resolvi arriscar, pois não tinha nada a perder, muito pelo contrário: dando certo, corro o risco de curar a minha DTM.

Seis meses depois, estou lidando com a mudança radical que essa escolha causou em minha vida e não somente nos meus hábitos alimentares. Meus dentes que antes pareciam no lugar, agora estão completamente desorganizados; como diz a dentista, "está pegando nada com coisa nenhuma". Além da sensação física, ainda há a percepção que tenho do meu rosto, ele parece um pouco fora de proporção: parece mais fino e a região da minha boca parece mais protuberante. Ainda assim estou confiante no tratamento e para a minha dentista, meu organismo está respondendo rápido a ele.

Como não posso evitar, fiz uma analogia dessa minha reorganização dentária, uma questão meramente fisiológica, com a vida. Penso que as grandes mudanças são antecipadas pelo caos, denominado sinônimo de confusão pelo Houaiss, mas que na tradição platônica, significa "o estado geral desordenado e indiferenciado de elementos que antecede a intervenção do demiurgo, por meio da qual é estabelecida a ordem universal". Não sei o que é "demiurgo", mas o fato de ser algo desordenado que antecede uma organização, já me parece suficiente para reforçar o que estou querendo dizer aqui.

Toda nova organização depende de uma desorganização extremamente necessária. Observar o que mudou em si mesmo, o que não funciona mais pra si mesmo, os novos caminhos que se pretende seguir em busca do que se procura. Algumas pessoas acham que o melhor mesmo é evitar o caos, mas pelas experiências de caos que tive no passado, sei que a minha vida não seria tão boa quanto é hoje, se eu não o tivesse vivido. É claro que naqueles períodos eu não o concebia como algo necessário, já que representava muita tristeza e dor ... às vezes, até física. Sem essas experiências, entretanto, eu não saberia o tanto que sei sobre mim mesma e sobre o que quero pra mim daqui em diante.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que? Ah! é por que vocÊ sabe que eu não consigo me conter....

Demiurgo: A definição específica varia em cada doutrina ou linha teológica, mas em um patamar mais abrangente significa regente divino. Logo, poderia definir Deus ou algum ente celeste que cuidaria de pontos específicos na criação. Por exemplo, ao dizer demiurgo planetário, eu poderia, dentro do cristianismo, dizer que é Deus em suas preocupações específicas para com o nosso planeta, mas, dentro de uma visão esotérica isso poderia significar uma divindade que recebeu a responsabilidade de zelar pelo nosso planeta e atua como um gerente.